No episódio #020
Dalva França de Assis lê Aline Silveira
No episódio nº 020 Dalva França de Assis lê Ser Preta é foda de Aline Silveira
Dalva França De Assis nasceu e foi criada na periferia da cidade de Mauá em São Paulo, teve seu primeiro contato com arte ainda criança através de livros de história da arte, com 13 anos começou a pixar, mas desistiu aos 17 anos com medo de apanhar da polícia. Se envolveu com a política d esquerda aos 14 e aos 16 filou se no Partido dos Trabalhadores. Teve aulas de graffiti e stencil nas Oficinas de Arte na Cidade de Mauá. Devido ao stress e a falta de perspectiva no estado de SP, resolveu abandonar SP, chegou em Florianópolis em junho de 2014 e e em 2015 ingressou na UDESC onde está em fase de conclusão do curso de Licenciatura em Artes Visuais. Na universidade aprofundou se fundir arte e pensamento crítico trabalhando com o Cineclube Presença e participando do grupo de estudos Marxistas do laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores L.I.F.E.
SER PRETA É FODA
“Ser preta no Brasil é foda
É ser preterida
É não ter autoestima
É entrar para as estatísticas de mães solteiras
é ter 54% de chances de ser morta.
Ser preta é não receber visitas no Madre Pelletier.
É usar miolos de pão como absorventes.
É enterrar os filhos, vítimas de 111 balas perdidas.
Ser preta no país do carnaval é foda
é não ser reconhecida como mulher
ao mesmo tempo que é vista como a carne mais barato e sexualizada do mercado.
É ser violentada pelo colonizador, para que logo em seguida a história nos venda como país da miscigenação.
É ser ocultada dos livros de história.
É ser ocultada dos livros de literatura.
Ser preta no país do “somos todos iguais” é foda.
é ser confundida com a empregada nos shoppings
e ter segurança particular cada vez que um preto entra no Zaffari.
Ser preta é trabalhar nos bastidores de produção e não como âncora de telejornal.
“mas as oportunidades estão ai, basta batalhar” eles disseram.
é ter o cabelo, a boca e o nariz ridicularizados em rede nacional.
Ser preta no Brasil é foda porque somos tratadas como recorte, mesmo sendo a maioria no país.
Ser preta é se olhar no espelho e não se amar.
é querer se ver nos comerciais, no cinema e revistas e não encontrar.
Ser preta no Brasil é um exercício diário de auto amor se não a gente adoece.
e o genocídio da juventude negra não acontece apenas com as balas da PM.
O racismo nos mata diariamente…
Ser preta é foda”
_Aline Silveira. É formada em História e estudante de jornalismo na UFRGS. Faz parte das Atinukes, coletivo de estudo sobre mulheres negras e da Rede Ciberativistas Negras do RS.
https://blogueirasnegras.org/ser-preta-e-foda/
VER.SAR é um podcast com artistas convidadas a compartilhar leituras de textos sobre práticas artísticas, maternidades e feminismos.
Este Podcast é uma plataforma de comunicação colaborativa que reúne mulheres artistas e seus referenciais textuais, a partir do exercício da leitura e busca criar um arquivo de consulta e compartilhamento gratuito de conteúdo relacionado às questões estruturais e conceituais implicadas em ser mulher na contemporaneidade. As artistas convidadas são mulheres que investigam e discutem os conflitos políticos da vida doméstica e pública produzindo pensamento crítico em nosso contexto e propondo mudanças significativas no mundo da arte.
É preciso Ouvir as mulheres!
ESCUTE, BAIXE E COMPARTILHE!
Instagram: @podcastversar
Facebook: Ver.sar - práticas artísticas, maternidades e feminismos
Soundclound: @versarpodcast
Curadoria: Priscila Costa Oliveira
Apresentação: Priscila Costa Oliveira e Maria Flor
Convidada: Dalva França
22 de abril de 2019